Marisa Martins
Embate de Consciência
Escrever ou não escrever sobre as Falkland Islands, inglesas, ou Islas Malvinas, argentinas?
EMBATE DE CONSCIÊNCIA
Marisa Martins
aloha.marisah@gmail.com
Escrever ou não escrever sobre as Falkland Islands, inglesas, ou Islas Malvinas, argentinas?
Embate de consciência. Ao voltar de visita às disputadas ilhas, foi-me complicado escrever sobre elas.
Genro é argentino. Logo, guerra pelas Malvinas, em 1982, mexe com paixão pátria. Ainda mais agora que Milei, novo presidente, quer reabrir a questão. Pela diplomacia, não por armas.
Sem magoar pátria irmã, necessário dizer que, quer sejam chamadas Malvinas ou Falkland, é gracioso conjunto de terras, em meio ao Atlântico, na costa argentina.
Navegam-se 48 horas, desde Ushuaia, para chegar até elas, em mar nem sempre amigo.
Ao amanhecer do terceiro dia vislumbram-se baía interior e coloridas casinhas. Port Stanley, a capital. Ou, Puerto Argentino, para hermanos.
Ancora-se ao largo. Barcos salva-vidas levam à terra. Ao desembarcar, mesmo já verão, sente-se vento gelado e cortante.
Beleza das construções, organização, limpeza, segurança, gentileza dos locais, superam vento e frio.
Cidadezinha lembra maquete. Tudo no lugar. Catedral anglicana; igreja católica; lojinhas; Town Hall – Casa de Governo -. Há, até mesmo, cadeia. Sem presos. Acomoda dez, no máximo. Pode haver briga nos pubs da John Street.
Habitantes denominam-se kelpers. Kelp é alga encontrada em abundância à beira-mar. Alimenta cerca de 700 mil ovelhas, principal riqueza atual do arquipélago. Exportam lã de alta qualidade.
Moedas aceitas são libra, euro e dólar.
Nem sempre foi assim. Antes da abertura do Canal do Panamá, em 1914, navios faziam rota Europa – Oeste dos Estados Unidos, pelo Sul da Argentina e Chile. Ao navegar pela terrível passagem de Drake, no Cabo Horn, geralmente sofriam avarias.
As Falkland, ou Malvinas, aproveitaram-se do fato desde meados do séc. XIX. Implantaram estaleiros para reparo de embarcações. Abertura do Canal, encurtando distâncias, e oferecendo mais segurança, representou duro golpe na economia dos ilhéus.
Atualmente, turismo de cruzeiros, especialmente, de outubro a março, traz alento financeiro ao aglomerado marítimo.
Sejam Malvinas, ou Falkland, apesar de sofrer sob vento e temperatura de3 graus, amei as encantadoras ilhas. E venci embate. Falei sobre elas...
P.S.: Cerca de três mil cidadãos constituem população do arquipélago. Maioria, britânicos.
Foto: arquivo pessoal
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