Lênin Landgraf

Mestre em História (UFPel)

leninplandgraf@hotmail.com 

Rita Lobato Rio-Grandina e primeira médica do país

Neste 07/06/2024 o Google prestou homenagens à médica Rita Lobato Velho Lopes, que no dia 09/06 estaria completando 158 anos. Nascida em Rio Grande em 1866, foi médica e destacada ativista política em prol do feminismo no Brasil. Filha de Rita Carolina Velho Lopes e Francisco Lobato Lopes – um grande comerciante de charque – a médica ficou conhecida nacionalmente como a primeira mulher a se formar e exercer a medicina no país. 

Rita e outros treze irmãos mudaram-se por toda a região sul, principalmente entre Pelotas e Rio Grande, durante toda a sua infância. A profissão do pai, estancieiro e comerciante de charque, obrigavam a família a se mudar de estância rotineiramente. Desde pequena indicava para a família que pretendia ser médica e, após o falecimento da mãe, dedicou-se completamente a isso. 

Somente em 1879, através de decreto imperial, assinado por D. Pedro II, foi proibida a discriminação contra mulheres no ensino superior. Claro que, para a época, para ingressar em um curso superior era necessário vir de berço rico, o caso de Rita. Diante disso, Francisco Lobato mudou-se para o Rio de Janeiro em 1884 e inscreveu sua filha e mais um irmão no curso de medicina. Em dezembro de 1887, após realizar adiantamentos no curso devido a sua grande capacidade, formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. 

Após a formatura retornou ao Rio Grande do Sul, onde atuou em diversas localidades, mas predominantemente atendia em sua casa na cidade de Porto Alegre. A partir de 1926, com o falecimento de seu marido, Antônio Maria Amaro de Freitas, mergulhou na onda do movimento feminista, lutando pelo direito ao voto feminino e pela eleição da médica Carlota Pereira de Queirós para o Congresso Nacional. 

Em 1934 filiou-se ao Partido Libertador e elegeu-se vereadora em Rio Pardo, onde foi a primeira mulher a ocupar tal posição. Em 1937, após o golpe do Estado Novo, teve seu mandato interrompido pelo fechamento de câmaras municipais por todo o país. 

Em 1940 sofreu um AVC, já aos 73 anos. Recuperou-se manteve-se lúcida e ativa até 06 de janeiro de 1954, quando faleceu aos 87 anos. Rita Lobato foi pioneira em sua jornada, abrindo caminho para todas as mulheres acadêmicas que viriam depois dela.