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Rio Grande,07/09/2024

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Ique de la Rocha

A quem interessa a mentira?

Devemos saber distinguir quem tem compromisso com a verdade.


A quem interessa a mentira?

Ique de la Rocha


Eu e meus irmãos fomos criados ouvindo de nossos pais, até com uma certa insistência, que “a mentira é a mãe de todos os vícios”. Meu pai dizia que sua mãe, minha avó, portanto, costumava fazer essa advertência desde a infância. Foi um ensinamento que certamente passou de pai para filho e confesso que também não coaduno com a mentira. Eu que tenho, talvez, um defeito. Às vezes, de brincadeira, falo alguma mentirinha dependendo do assunto. Por exemplo, posso estar falando em futebol com meus sobrinhos e dizer que já fui um craque de bola quando jovem. Falo sério e tem quem acredite (menos os que me viram jogar bola), mas em seguida desminto.

Pode acontecer alguma situação onde a gente pensa que uma mentirinha não faz mal a ninguém. Às vezes dizer para uma pessoa “como estás bem” e ela não estar tão bem assim, como forma de levantar a moral dela, pode se admitir ou com a intenção de evitar um conflito, mas é inadmissível distorcer fatos ou imputar a responsabilidade de algum erro a quem não tem a ver com o assunto. Ainda tem aqueles casos em que a gente nem presenciou determinado fato mas, por ouvir dizer, ajudamos a espalhar a mentira..

Uma mentira que para nós parece inocente, pode ser o estopim de muita confusão ou transformar a vida de alguém num inferno.  Pode promover a separação de um casal, jogar filhos contra pais ou, no trabalho, tumultuar o ambiente, por exemplo.

Ser verdadeiro é ser real. Já o mentiroso dificilmente tem algo de bom para passar aos outros. Como a mentira tem pernas curtas, um dia ela vai ser desmascarada. E depois que se perde a credibilidade, dificilmente será recuperada.

Faço este comentário preocupado com o que está acontecendo na vida e na política brasileira, onde a mentira está se tornando normal. Antigamente se falava que político era mentiroso (nem todos, ainda existem boas exceções e bons políticos). Os que se comportavam assim ao menos disfarçavam, mas hoje realmente estão mentindo descaradamente. Ano passado, acho que foi, na Assembleia Legislativa de São Paulo, um professor foi convidado para participar de uma sessão e esclarecer sobre determinado assunto, mas mesmo diante do esclarecimento feito pelo convidado, um parlamentar por três oportunidades insistiu na versão dele, que era totalmente despropositada e até causou um mal estar ente todos os presentes.

Hoje vemos disseminadores de Fake News mentindo na internet, políticos mentindo sem ficarem nem um pouco envergonhados, seguindo a estratégica do líder da propaganda nazista, Joseph Goebbels, que dizia: “uma mentira repetida várias vezes acaba se tornando verdade”. Conseguem confundir as pessoas e ainda acusam a imprensa de mentir, se a abordagem da informação não for da forma que eles desejam. Claro que às vezes a imprensa também falha, mas não a ponto de merecer ser desacreditada. Costumo dizer que a maior credencial de um jornalista (ou de algum veículo de comunicação) é a sua credibilidade. Errar é humano, mas o jornalista ou o veículo que perde a sua credibilidade não tem nada mais a oferecer. Por isso, nas minhas reportagens o elogio que considerava mais importante de um entrevistado não era ao meu texto nem à minha capacidade de entrevistador, mas quando ele dizia: “Saiu exatamente o que eu disse”.

Hoje a informação da imprensa está desacreditada, mas acredito que não vá demorar muito para a população se dar conta que a mentira está demais, só traz prejuízo  e voltar a valorizar aqueles que tem compromisso com a verdade. Do contrário, o Brasil estará mais perdido que a gente imagina.


Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com



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