Ique de la Rocha

Semana passada escrevi que seria importante os candidatos à prefeito terem projeto para o município e apresentá-lo à população, ao invés de só ficarem no bate-boca ou em falas vazias. Estamos num momento em que nossa população está reduzindo, porque muitos foram embora para puderem ter emprego e uma vida melhor. Até hoje, com todas as crises em nossa economia, nosso porto sempre segurou as pontas, mas até nisso estamos sendo ameaçados com a construção do porto Meridional., no Litoral Norte.

Como as obras lá não iniciaram, até acho que poderia haver uma forma de evitarmos o surgimento desse concorrente, dialogando com os caxienses, responsáveis pela iniciativa e procurando resolver a reclamação deles. Há muito eles protestam que sai muito cara a operação no porto local, tanto que a produção da região deles, que é expressiva, está saindo pelos portos catarinenses. Mas, aqui, ao invés de se tentar reverter esse quadro, o pessoal está “pagando para ver”. Se o porto for realidade em Arroio do Sal, vai levar outras cargas também, pois a Grande Porto Alegre, como exemplo, está mais próxima de lá do que Rio Grande, distante a 316 km, e ainda temos o pedágio para encarecer ainda mais o transporte até aqui.

Problema irreversível

Também citei em comentário anterior, que considero obrigatório que tenhamos secretarias ou órgãos específicos para tratarem das áreas de risco nos municípios brasileiros, que acabam sofrendo com deslizamentos de terra, inundações e outras tragédias provocadas por desastres climáticos. No caso do Rio Grande, temos uma ameaça para o futuro não muito distante, que é o aumento do nível do mar. Muitas zonas da cidade que sofreram com alagamentos nessas últimas enchentes, serão novamente invadidas, só que dessa vez de forma definitiva.

Em vários locais do litoral brasileiro as ameaças já são reais. O jornal paulista “A Tribuna”, neste último dia 24 de julho, destacou: “Avanço do mar destrói área de restinga e deixa moradores com medo no litoral de SP”. Um trecho da matéria: “As mudanças no nível do mar vem transformando a restinga da Vila de Barra do Uma, que fica localizada em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Por conta destas mudanças, moradores que residem na beira da praia estão começando a ficar preocupados com o avanço do mar, prejudicando a comunidade”.

Uma das entrevistadas, a cozinheira Débora Pereira do Prado, relatou que percebe o problema desde a última década, mas que a situação vem se agravando nos últimos três anos. “Tem sido muito rápido (o avanço do mar). Na parte próxima ao rio, tem alguns trechos que nem possuem mais restinga”, afirma a moradora.

No dia 23 de julho, li no site “Coluna Financeira”: “NASA não fica parada e decide agir contra o avanço do mar no Brasil”. A notícia informa que a agência espacial norte-americana está colaborando com a Prefeitura de Santos para se precaver do problema e diz que o cenário é alarmante para o bairro Ponta da Praia: ”com um aumento de 1,5 graus centígrados na temperatura global, o bairro poderia desaparecer. Se a elevação fosse de 3 graus centígrados, a perda seria ainda mais devastadora, afetando grande parte da área urbana e todas as praias da cidade”.

Estudos são importantes

Ouvi um especialista no assunto. Como não pedi autorização, não vou identifica-lo, mas apenas uma situação já preocupa muito: Se em 2050 o nível do mar estiver 20cm acima do que está hoje, todas as áreas costeiras estarão sofrendo inundações constantes.

Já que o Município está se habilitando para receber financiamento de uma agência de desenvolvimento francesa, seria importante que alguma parte desses recursos fosse direcionada para o problema. Uma grande vantagem nossa é o fato de termos a Furg, que provavelmente também deve ter estudos a respeito.

A verdade é que não podemos perder mais tempo e precisamos nos preparar. Ou mudar de cidade!

Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com