Marisa Martins aloha.marisah@gmail.com

Paris é emblemática. Quanto mais paradoxal, mais atraente.

Qual o segredo?

Paris é cor-de-rosa, como sonhos bons transformados em realidade. E pode ser escura, como sonhos ruins, transformados em pesadelos.

La Vie em Rose, a vida em rosa, num click, transmuta-se. Assim, Paris foi e será sempre Paris.

Guarda marcas de bombas a jornalistas no ataque à revista Charlie Hebdo, como guardará do alegre desfile olímpico. Discursos xenófobos de ódio contra imigrantes levaram ao acolhimento da diversidade e de ênfase ao lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

Estes paradoxos, contudo, jamais apagarão luzes que atraem o mundo para a Cidade-Luz. Ela é emblemática. Quanto mais paradoxal, mais atraente o é.

Qual o segredo? Por que a baguete com queijo gratinado degustada em gramados do Jardim Tulleries ou da Praça Vôsges é mais gostosa do que em qualquer outro lugar?

Será o encanto do Sena e de suas gaivotas? Dos cafés de calçada? Será olhar a cidade se iluminando, ao anoitecer, desde a Torre Eiffel ou a Torre de Montparnasse?

Ou, quem sabe, é a alegria de Pigalle e do Moulin Rouge, e das coloridas escadarias expondo obras de arte, em Montmartre?

Pode-se ir múltiplas vezes a Paris, nunca deixará impressão de já se ter visto detalhes dela. Há sempre algo a descobrir. Mesmo o sabor da quiche, do crepe e do vinho parece novo e melhor. Intrigante é esta sensação de permanente primeira vez.

Uma mesa de bistrô convida à calma, à serenidade, a ouvir antigas canções de Charles Aznavour e Edith Piaf. Caminhando por velhas ruas do Quartier Latin buscam-se fantasmas de Simone de Beauvoir e de Sartre. Estão ali, pensativos, refletindo sobre a essência do ser.

Talvez seja isso. Paris faz parte de nosso imaginário profundo e misterioso como o sorriso de Mona Lisa no Louvre. Um imaginário fantasioso, perfumado, luminoso, florido, garoa prateada aspergindo sonhos.

Com ou sem La Vie en Rose...

P.S.: Que sejam de rósea paz 

Jogos Olímpicos 2024.