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Rio Grande,18/10/2024

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Ique de la Rocha

O porto em Arroio do Sal

De quem é a culpa pelo surgimento de um concorrente ao porto local?


O porto em Arroio do Sal

Ique de la Rocha


O jogo sujo da política está fazendo circular na internet Fake News atribuindo culpa ao Governo Federal pelo surgimento de um novo porto marítimo no Estado. Agora tudo é culpa do Lula, mas será que é isso mesmo?

Em primeiro lugar, o maior apoiador do porto no Litoral Norte é o senador Luiz Carlos Heinze (PP), que se elegeu com nada menos que nove mil votos dos rio-grandinos. Quem foi o maior apoiador de Heinze no Município? Posso garantir que não foi Lula e muito menos o PT, que é totalmente oposto à ideologia do Heinze. Investiguem!

É bom esclarecer que a lei de outorga de 2008 determinou que as concessões de portos e terminais marítimos são responsabilidade da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e, logicamente, a aprovação do Porto Meridional foi dela e não do Governo Federal. Também cabe informar que a nova lei de modernização dos portos, aprovada em 2013, foi feita com a intenção de incentivar a abertura de novos portos no país para contribuir na redução do custo Brasil.

Aos "esquecidos" é bom lembrar, ainda, que o Governo Federal sempre apoiou e investiu no porto do Rio Grande. Fernando Henrique Cardoso foi quem iniciou a obra de prolongamento dos Molhes e Lula concluiu. O Governo Dilma duplicou a BR-392 e iniciou a duplicação da BR-116 para facilitar o acesso ao porto local. Sem falar nas inúmeras dragagens feitas ao longo do tempo.


Por que está surgindo o Porto Meridional?

Há cerca de 30 anos tem sido mais fácil para os empresários da Serra movimentarem contêineres pelos portos catarinenses do que aqui. Nesse tempo todo, eles manifestaram descontentamento com os custos operacionais elevados do nosso porto e dos terminais privados. A Fiergs também se manifestou a favor desses empresários e, nessas três décadas, nenhuma providência foi tomada para que o único porto marítimo do Estado atendesse satisfatoriamente o empresariado gaúcho. Ninguém daqui se mexeu, talvez achando que o pessoal da Serra fosse acomodado que nem nós. Preferiram pagar para ver, com a justificativa de que o "mar bravio" não permitiria o surgimento de um porto no Litoral Norte. Além das altas taxas, tinha o preço elevado do pedágio, sem falar em roubo de carga.

Devido aos altos custos na movimentação portuária aqui, era mais negócio para a região de Caxias do Sul escoar a produção pelos portos de Santa Catarina. A Marcopolo foi mais longe. Passou a exportar os ônibus pelo porto de Paranaguá. Ou seja, é mais em conta levar os ônibus até o Paraná do que utilizar o porto do Rio Grande. Que vergonha! E ainda querem falar em competitividade.

Ainda tivemos 30 anos para utilizar, como alternativa, os modais ferroviário e hidroviário, que poderiam contribuir com a redução dos custos. Também nada foi feito. Até irônico, porque entregaram a ferrovia para uma empresa privada explorar e ela agora atende mal a iniciativa privada.

Como podemos ver, se existe culpa nessa história pela futura perda da exclusividade de nosso porto no Rio Grande do Sul, ela é nossa. O porto e os terminais privados não baixaram os custos e o porto em Arroio do Sal só está surgindo por causa da nossa incompetência. Ninguém se movimentou, a Câmara de Vereadores nem ao menos uma audiência pública realizou sobre o assunto.


Caminho sem volta

Minha pergunta ao presidente do MobiCaxias (movimento que congrega as entidades empresariais de Caxias do Sul), Rodrigo Postiglione: - Tem alguma possibilidade de vocês voltarem atrás no projeto do porto Meridional?

O porto em Arroio do Sal é um caminho sem volta. Já temos investidores e muitos interessados em operar conosco.

O presidente do MobiCaxias ainda procurou me tranquilizar: "O porto Meridional não vai prejudicar o porto do Rio Grande, porque iremos operar as cargas que atualmente saem por Santa Catarina".

Isso pode acontecer no início, mas eles projetam até um terminal turístico para receber navios de passageiros e levar os turistas para Gramado e Canela, localidades bem mais atraentes que descerem aqui e irem de ônibus até Pelotas.

O porto em Arroio do Sal já tem apoio, além da Fiergs, Farsul e Federasul, de entidades empresariais de várias cidades, vários deputados e senadores gaúchos, da Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo e Também de Campo Bom. Quer dizer que os calçados também deverão ser exportados pelo Porto Meridional, assim como a produção da Região Metropolitana e, talvez, do Polo Petroquímico, porque Arroio do Sal fica bem mais próximo, não tem pedágio e as operações terão custo bem mais reduzido que o nosso. Parte da produção de soja, da região de Passo Fundo, também poderá ser escoada por lá.

O porto Meridional é de águas profundas, o que significa dizer que não precisará gastar milhões em dragagem todo ano e o custo de praticagem será bem mais reduzido, pois lá não tem canal de acesso (o nosso canal tem 10km fora da Barra, mais 6km da ponta dos Molhes até o Tecon, totalizando 16km).


Aqui tudo gira em torno do porto

Como rio-grandinos, sabemos que tudo aqui gira em torno do porto. Desde o início do século passado com as indústrias pesqueiras e as de fiação e tecelagem, que exportavam por aqui. Em 1937 veio a Refinaria Ipiranga, iniciativa de gente de Uruguaiana, porque precisavam de um porto para receber o petróleo importado. Já na década de 1970 vivemos um grande período de desenvolvimento com a construção do Superporto e, por último, tivemos o Polo Naval. Tudo em função do porto.

Com o surgimento do porto em Arroio do Sal, se começarmos a perder cargas, teremos menos empregos e provavelmente salários também bem menores. Vai sentir o comércio e todo mundo de alguma forma.

Se alguém acha que estamos sendo muito amargos (que bom se tudo não passasse de um mal entendido), podemos informar que empresas da área portuária já estão reservando áreas em Arroio do Sal. Ou seja, até o pessoal daqui está acreditando no Porto Meridional.


A importância das eleições

Teremos de fazer um limão dessa limonada. A eleição pode ser um bom começo para evitarmos que Rio Grande continue em queda livre. Também a reativação do Polo Naval seria importante para virarmos esse jogo e fazer com que Rio Grande volte a crescer. Caso contrário, não poderemos nos queixar quando nossos filhos ou netos tiverem de ir embora para buscarem emprego ou uma vida melhor em outros lugares.


Perguntar não ofende

O que fazem nossas lideranças e forças políticas? Ainda estão acreditando que o "mar bravio" será impeditivo para a construção de um novo porto no RS?


Contatos com a coluna pelo e-mail: iquedelarocha@gmail.com



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