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Rio Grande,18/10/2024

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Ique de la Rocha

As eleições de 2024

Darlene fez mais votos que praticamente os outros candidatos juntos.


As eleições de 2024

Ique de la Rocha


Pela primeira vez uma mulher governará o município do Rio Grande. Na Metade Sul do Estado o Partido dos Trabalhadores (PT) venceu em duas grandes cidades: Rio Grande, com Darlene Pereira, e em Bagé, com Luiz Fernando Mainardi. Eles desbancaram as famílias Branco e Lara, respectivamente. Darlene fez mais votos que praticamente os outros quatro candidatos juntos, enquanto o candidato petista em Bagé conquistou 51,71% dos votos válidos.

O PT ainda tem condições de conquistar outro importante reduto eleitoral do Estado, em Pelotas. Fernando Marroni foi o mais votado no primeiro turno e no segundo turno enfrentará o candidato do PL. O maior derrotado na Princesa do Sul foi o governador Eduardo Leite (PSDB), que em sua terra natal viu o seu candidato amargar uma terceira colocação.  

Em nível nacional o grande vencedor foi o Centrão, cujos métodos na política não são exemplo para ninguém que prime pela transparência. Certamente as emendas parlamentares destinadas às prefeituras influenciaram nessa votação. Além da vitória do Centrão em nível nacional, outro destaque negativo nessas eleições foi o alto número de abstenções e votos em branco, certamente um protesto contra a classe política ou contra o sistema político que vigora no Brasil.

O PT do presidente Lula mostrou um desempenho aquém da expectativa, mas tem uma justificativa. Lula não se empenhou na eleição, porque em vários municípios tinham candidatos de partidos da sua base de apoio disputando com o PT. Já neste segundo turno o líder petista deverá se engajar mais e, espera-se, “turbinar” alguns candidatos.

Há quem tente dizer que o resultado dessas eleições foi uma rejeição ao Governo Federal, mas a eleição municipal, apesar de muito importante, não tem esse peso todo. Mesmo assim, a direita faz uma boa base em âmbito municipal.

Em Rio Grande a esquerda elegeu uma boa bancada no Legislativo, mas terá de negociar para atrair mais apoio ao governo petista. Acredito que não haverá maiores dificuldades nesse sentido.


A esquerda venceu aqui 

A vitória de Darlene e o retorno do PT para um novo mandato no Município me fez lembrar de uma declaração de Leonel Brizola, ainda no exílio, em entrevista ao saudoso Coojornal, um jornal alternativo da Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre, que fez sucesso nacional na época da ditadura e da censura. O líder esquerdista, recordando sua atividade política no Estado, disse que Rio Grande era a cidade mais trabalhista do Rio Grande do Sul.

Nos 21 anos de ditadura, a situação modificou-se. Fomos incluídos nos municípios considerados “Área de Interesse da Segurança Nacional” e passamos a ter prefeitos nomeados.        

Eram considerados Área de Segurança os municípios portuários, de fronteira e as capitais. Nessa condição o prefeito era nomeado pelo Governo Federal. Só tinha eleição para vereador e assim foi até 1986. Aqui a Arena, partido que dava sustentação ao regime militar, que depois trocou o nome para PDS, era forte. O PDS chegou a ter, se não me engano, quatro mil filiados na cidade.

Mesmo com 21 anos sem eleições para a Prefeitura, depois da abertura política o PDS ainda ganhou a primeira eleição direta na cidade, em 1986, com Rubens Emil Correa, que já tinha governado o município como interventor e voltava “nos braços do povo”. Mas, na eleição seguinte, o vencedor foi o PT, com Paulo Vidal, que iniciou seu mandato em 1989. O esquerdista trocou o partido pelo PSDB e elegeu Alberto Meirelles Leite, em 1993. Em 1997 assumiu Wilson Branco, do PMDB, que faleceu no último ano de seu mandato e foi substituído pelo vice, Delamar Mirapalheta. O PMDB governou o Município com o filho (Janir) e sobrinho (Fábio) de Wilson se revezando no cargo, por 15 anos. Em 2013 o PT assume a Prefeitura com Alexandre Lindenmeyer, reeleito para novo mandato, que iniciou em 2017. Depois, a candidata petista Darlene Pereira perdeu para Fábio Branco (MDB), que passou a governar a partir de janeiro de 2021. Agora, a vencedora foi ela e tornou-se a primeira mulher a comandar a Prefeitura.

Penso que essa tendência trabalhista de nossa população, falada por Brizola na entrevista ao Coojornal, seja mais coisa do passado. Minha impressão é que a maioria do eleitor, não apenas aqui, mas em todo o Brasil, não costuma votar em partido e sim no candidato. Hoje a gente vê um expressivo contingente declarando-se de direita, da mesma forma que existem os de esquerda, mas a grande maioria vota de acordo com a sua percepção do momento. Se o Bolsonaro foi mau, votam no Lula que, se também se sair mal, não irá se reeleger. E nos municípios não é diferente.


Perguntar não ofende

Quando o resultado das urnas lhes convém, os bolsonaristas não reclamam das urnas eletrônicas?


Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com



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