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Rio Grande,24/11/2024

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Ique de la Rocha

Um bairro a cada quatro ruas

Prefeitura deveria disciplinar o zoneamento da cidade


Um bairro a cada quatro ruas

Ique de la Rocha


Quando eu fazia o caderno “Agora Bairros”, do jornal Agora, Rio Grande possuía mais de 60 bairros na virada do século, número que continua até hoje ou que pode ter aumentado ainda mais com o passar dos anos. Pude constatar isso pelo número de associações de moradores filiadas à União Rio-Grandina de Associações de Bairros, uma entidade fundada pelo saudoso vereador Walmir Romeu Bicca, que era do MDB. Por sinal, cabe destacar que a URAB foi uma entidade muito dinâmica e que impulsionou o trabalho comunitário no município. Já o Agora deu uma grande contribuição para a cidade, dando voz à população da periferia. O caderno foi uma ideia de Germano Toralles Leite, publicava reportagens e reclamações, circulava uma vez por semana e era muito lido, tanto pelos moradores quanto pelas autoridades municipais.

A existência de mais de 60 bairros é um exagero para uma cidade do tamanho da nossa. E assistindo a uma entrevista à Globo News do candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), tive mais certeza ainda dessa minha opinião. Isso porque ele falou que a cidade de São Paulo, a maior do Brasil e uma das maiores do mundo, possui 96 bairros.

Como pode Rio Grande ter 60 bairros e São Paulo 96? Visivelmente a nossa cidade, que é umas 70 vezes menor que São Paulo em população, não pode ter tudo isso. Acontece que aqui existem regiões que a cada três ou quatro ruas é considerado um bairro. Exemplo disso é a Vila Maria. Para quem vai na direção do Pórtico ao Trevo, as três ou quatro primeiras ruas compreendem o bairro Marluz. O “miolo” é a Vila Maria propriamente dita e depois vem o bairro Leônidas, que faz limite com a escola Mate Amargo.

Entre a Refinaria Riograndense e o Camelódromo existem inicialmente duas ruas que não sei se pertencem a algum bairro (uma dessas ruas é a Rita Lobato). Depois vem o Lar Gaúcho, Navegantes e Salgado Filho, sendo que na extremidade do canalete da Major Carlos Pinto, próximo ao Saco da Mangueira, ainda tem a Dom Bosquinho.  

Na Zona Oeste da cidade tem, da Saturnino de Brito até quase o final da Roberto Socoowski, os bairros São Miguel, São João, Recreio, Carlos Santos, Nossa Senhora de Fátima e Santa Rita de Cássia, a maioria pequenos núcleos habitacionais.

Ainda no “Agora Bairros” cheguei a abordar essa questão e a necessidade do Município “botar ordem na casa” e racionalizar a questão, reduzindo o número de bairros. A regularização poderia começar nessas regiões que citamos como exemplos, onde deveria ter apenas um bairro ao invés de três ou quatro. Se não me engano, nas matérias que fiz, o próprio Correios teria se manifestado por essas mudanças, com a justificativa de que essa quantidade exagerada de bairros dificulta até mesmo o trabalho dos carteiros.


De onde menos se espera...

Já se passaram mais de 20 anos da abordagem desse assunto, que teve repercussão na época com várias manifestações favoráveis a um melhor zoneamento da cidade. Sabem o que aconteceu? Nada!.   


Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com



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