Marisa Martins
Abóboras, bruxas e Saci
“As bruxas, em geral, são assim. Não estão interessadas nas coisas ou nas pessoas, mas na utilidade eventual delas” – Crônicas de Nárnia – C.S.Lewis
Marisa Martins marisam@vetorial.net
Histórias fantásticas, em livros ou em filmes, se bem escritas, são, por vezes, mais profundas do que literatura adulta.
Assim interpretam-se as Crônicas de Nárnia, do Irlandês C.S. Lewis. Sete histórias que se interligam, em mundo imaginário, atemporal, em intensas aventuras de Lúcia, Susana, Pedro e Edmundo.
Dessa forma, veja-se como resumo de fantasias, o dia 31 de outubro. Não é ele apenas Halloween, dia das bruxas, de brincadeiras, “doçuras ou travessuras”, ou o dia do Saci.
É secundário, outrossim, se dia do Saci foi criado em 2005, no Brasil, para se contrapor à dita cultura americana.
Tanto o Halloween, quanto o Saci, são símbolos que carregam forte bagagem histórica, religiosa ou folclórica. Logo, aspectos culturais que ultrapassam ideologias.
Abóboras saem de caixas, na entrada do Parque Tívoli, em Copenhagen, Dinamarca. Homenagem à tradição do Halloween, que nasceu com povos celtas e que foi seguida, em especial, na Irlanda, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
Almoça-se, elegantemente, em meio a bruxas, em pequeno restaurante na Alsácia, França. São simpáticas, tanto as abóboras quanto as bruxas. Assim, também o peralta Saci, de nosso folclore, imortalizado por Monteiro Lobato.
Por que o nacionalismo ufanista que desdenha outras culturas? É preconceito.
Saci Pererê ou bruxas, no dia 31 de outubro, há profundo mergulho no imaginário. Afloram tradições que percorrem povos e séculos.
São elas a própria história da essência cultural do mundo. Viagem na fantasia de gerações, seja por transmissão oral ou escrita.
É prazeroso entrar nesse universo fascinante, que mexe com atávicas percepções. Mesclam o real ao irreal. Despertam curiosidade e criatividade.
Quem não tem, no arquivo existencial, inventário de seres mágicos povoando lembranças?
Onde nasceram? Não importa...
P.S.: “Isso de não cumprir a palavra é coisa dos homens. Saci sempre cumpre o que promete” – Monteiro Lobato
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