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Rio Grande,14/11/2024

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Ique de la Rocha

Em debate a retenção de talentos e lei de licitações

Sinduscon mais uma vez discute temas relevantes para a construção civil.


Em debate a retenção de talentos e lei de licitações

Ique de la Rocha


O Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande realizou com sucesso o workshop “Superando desafios na construção civil”, realizado na tarde desta última terça-feira, 5 de novembro, no auditório do CREA/RS. Os associados, engenheiros e arquitetos que se fizeram presentes assistiram, inicialmente, a um vídeo institucional do Sinduscon Rio Grande, seguido de uma apresentação da secretária-executiva, Larissa Dias, sobre as atividades do sindicato.


Retenção de talentos na construção

A analista técnica do IEL/Fiergs, Greice de Rossi, apresentou a palestra “Mercado de trabalho e retenção de talentos na construção civil”, um tema que preocupa os empresários do setor.  

A palestrante observou que “a escassez de talentos é um problema global. Tanto que uma pesquisa mostra que em 2014 o mundo registrava uma carência de 36% e esse número foi subindo até que ano passado esse percentual chegou a 75%.”. Entre as economias em desenvolvimento, o Japão apresenta uma carência de 85%, a Alemanha 82%, o Reino Unido e o Brasil 80%.

A construção civil também sente dificuldades de atração e retenção de talentos no mundo todo e as mudanças culturais contribuem para agravar esse déficit, uma vez que os pais não desejam que seus filhos se tornem trabalhadores da construção civil. Nos últimos 40 anos, as pessoas passaram a achar que a única forma de terem sucesso na vida é com diploma universitário e esse pensamento afasta os jovens dos cursos técnicos. 

Segundo a Confederação Brasileira da Indústria da Construção, 90% das empresas passam por dificuldades para atrair novos profissionais, enquanto 72% estão dispostas a custear qualificação a seus empregados. Ainda segundo a CBIC, os profissionais com maior escassez na construção são: pedreiro, 82%; carpinteiro, 78%; mestre de obras, 74% e encarregado, 70%.


Salários baixos e falta de interesse no trabalho pesado

Conforme a representante do IEL, uma pesquisa com a geração Z, nascida a partir de 1996, apurou os principais motivos para os jovens não desejarem trabalhar na construção: existe um desalinhamento do que eles procuram como estilo de vida e o que o trabalho no setor pode oferecer para eles, que valorizam o equilíbrio entre a vida pessoal, profissional e bem estar. Reclamam de baixos salários, falta de oportunidades para crescimento na carreira e também temem risco de lesões ou para a saúde mental.    

Greice de Rossi disse que o Brasil precisará de 9,6 milhões de trabalhadores em ocupações industriais até o próximo ano. Para o Rio Grande do Sul serão necessários 758 mil trabalhadores, sendo 149 mil em formação inicial e 609 mil em formação continuada. “O problema é bem grande em todos os setores econômicos”, observou.  


A nova Lei de Licitações na construção civil

A segunda parte do workshop do Sinduscon apresentou o painel “A nova lei de licitações na construção civil”, que teve como painelistas o sócio-diretor da DMS Arquitetura & Engenharia, Rodrigo Marques Freitas, e o CEO da Sabbado Assessoria em Licitações, Leandro Sabbado. 

Primeiro falou o gestor de Políticas Públicas do Sebrae, Fabrício Burkert, que destacou a parceria com a Prefeitura do Rio Grande no “Cidade Empreendedora”. Disse ele: “constatamos que um dos problemas maiores das pequenas empresas em acessar licitações é a falta de clareza da forma como o Município compra, como paga, em quanto tempo paga. No dia 25 de novembro, a ideia é lançar com a Prefeitura o Plano Anual de Compras, sobre o que o Executivo vai comprar em 2025. Hoje tudo é feito no sistema de pregão eletrônico e nosso trabalho é fazer que esse processo fique mais claro para a micro e pequena empresa. A pequena empresa precisa estar estruturada, ter logística, capital de giro para aguardar o pagamento da Prefeitura. E o objetivo do Sebrae e Prefeitura é fazer que os recursos das licitações fiquem no município, porque boa parte vai para fora de Rio Grande, até para fora do estado”

Fabrício Burkert ainda falou na importância do credenciamento das pequenas empresas. “Em Rio Grande estamos montando um projeto piloto, que será lançado dia 25. Precisamos mostrar como fazer o processo, caso contrário vem uma empresa de fora, que ganha o dinheiro e ainda sub-contrata o vidraceiro daqui para fazer o serviço. Após o empreendedor ser credenciado, ele fica apto a ser chamado. Entra no sistema de rodízio”.


Participação irrelevante da região

O sócio-diretor da DMS Arquitetura & Engenharia, Rodrigo Marques Freitas, iniciou dizendo que há 18 anos participa de licitações e tem uma parceria com a Sabbado Assessoria em Licitações, uma empresa de Pelotas que atende interessados em fornecer produtos à administração pública. Explicou que o workshop tinha por objetivo trazer uma empresa com expertise no assunto, no caso a Sabbado, para falar às empresas locais interessadas em participar desse processo. Adiantou que a participação das empresas rio-grandinas nas licitações “é irrelevante em relação à fatia do mercado, enquanto nós, da construção civil, representamos 25% do PIB municipal. Então, estamos aqui para falar da nova lei de licitações e mostrar como as empresas locais da construção civil podem aproveitar melhor a nova lei das licitações”.

Leandro Sabbado, por sua vez, falou que “Rio Grande, Pelotas e região não tem construtoras participando do processo para serem fornecedoras ou prestadoras desses serviços” e que a nova legislação “teve mudanças significativas. Hoje grande parte é concorrência eletrônica, pregão eletrônico. A disputa é muito maior. Empresas do outro lado do Brasil conseguem participar de forma eletrônica, até mesmo montando uma rede de suprimentos para participar em conjunto do processo licitatório”.

Rodrigo Freitas salientou que “vamos ter grandes obras em Rio Grande e região, como o financiamento que virá da França para a realização de obras no município, além de outras obras inacabadas. Certamente isso atrairá empresas de fora, especialmente de outros estados. A participação das empresas locais em obras na região é de apenas 3% e precisamos debater como aproveitar melhor essa fatia”. Uma possibilidade é as empresas formarem consórcios com outras de mesmo porte para poderem disputar contratos maiores.

Leandro Sabbado disse que “as dificuldades não são apenas para as empresas, mas os órgãos públicos ainda não estão conseguindo aplicar a lei de licitações. Apenas 1% dos municípios estão preparados e aplicando corretamente”. Ele considera importante a realização do credenciamento de empresas por segmentos de atuação. “Quando abrisse uma demanda teria uma classificação para fazer rodízio”, observou, com a concordância de Rodrigo Freitas: “A vantagem do credenciamento é que todo mundo participa”. 

Os painelistas destacaram que, com a informatização, automaticamente mais pessoas participam das licitações, mas que o agente contratador tem de ter qualificação para elaborar um edital bem feito. Falta também apoio aos municípios, porque muitas vezes eles tomam decisões equivocadas. “Não temos uma qualificação do servidor e isso ajudaria. A qualificação tem de existir, porque o edital é a base de tudo”.


Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com



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