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Rio Grande,24/11/2024

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Ique de la Rocha

Preconceito racial

Todos merecem respeito e oportunidades.


Preconceito racial

Ique de la Rocha

 

Preconceito racial

Todos merecem respeito e oportunidades.

 

O bolsonarismo ao menos proporcionou uma coisa boa. Incentivou as pessoas a saírem do armário e passamos a enxergar melhor a nossa realidade: o desprezo de muitos pelos pobres; o egoísmo de alguns que, estando boa a vida para eles, os outros que se lixem; a existência dos homofóbicos; o machismo, causa primeira dos feminicídios; e o grande racismo existente.

Aproveitando que tivemos o feriado de 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, cabe refletirmos sobre os preconceitos que as pessoas enfrentam por causa da cor da pele, como se isso as diferenciasse ou as tornasse inferiores aos outros, quando se sabe que todos somos filhos de Deus. Inclusive, Jesus Cristo, segundo muitos historiadores, não era um homem branco de olhos azuis. Ele era de uma região onde as pessoas tinham a pele mais escura, tipo indiano, e seu aspecto em nada modifica a importância de Sua missão e a grandeza da mensagem e os ensinamentos que nos trouxe.

Mas no mundo real brasileiro fico imaginando no quanto deve ter sido difícil a vida dos negros. Nem me refiro à época da escravatura, mas se até hoje essa grande raça, dona de uma cultura e uma religiosidade belíssima, sofre preconceitos, imagina-se que quanto mais distante a época maior deve ter sido a discriminação.

Certa vez perguntei ao saudoso artista plástico João Ely se ele tinha sofrido preconceito por causa da cor. Me contou que desde sempre. Para começar, disse que, em mais de uma oportunidade, passou por pessoas de idade com crianças pela mão, que diziam para elas: “Se não te comportar, aquele homem vai te pegar!”. E ele notava que ali estava implícita uma atitude racista, pois nunca presenciou alguém fazer isso com uma pessoa branca. Vários outros contam que eram perseguidos por seguranças nos supermercados ou em lojas. A gente sabe que a abordagem policial também é diferente para quem é branco e para quem é negro.

Sou do tempo que havia racismo em alguns clubes sociais. Ao ponto dos pretos terem de criar suas próprias sociedades, como o Clube Cultural Braço é Braço e o Estrela do Oriente, que existiram até o início da década de 1980.

E fui testemunha de uma cena que me indignou bastante, na passagem da década de 70 para 80. Estava eu na secretaria de um clube social conversando com o presidente, quando um funcionário entrou na sala e apontou discretamente para um rapaz negro que estava no balcão da secretaria e disse, baixinho: “Ele quer se associar!”. O presidente se espichou para olhar melhor e, em seguida, fez um sinal negativo com o dedo polegar.

Vou parar por aí, mas todos nós sabemos que os casos são inúmeros e ainda estão presentes em nosso dia a dia. Que datas como 20 de Novembro contribuam para acabarmos com essa triste realidade e termos uma consciência cada vez maior da necessidade de haver respeito e oportunidades para todos.    

 

Casa Oxum Taladê e a intolerância religiosa

A coluna ficou um tempo “fora do ar” e não foi possível registrar a bela programação da Semana em Homenagem à Luta Contra a Intolerância Religiosa, promovida pela Casa Oxum Taladê, da Mãe Ducha. Ela teve sua casa de religião fechada por uma decisão judicial, motivada por perseguição, mas recorreu e venceu em Porto Alegre, com o caso ganhando repercussão estadual e nacional. Por isso, todo ano é feita essa programação, no mês de outubro.

A Semana, que ocorreu de 26 a 31/10, teve eventos no Mercado Municipal, com shows musicais e de dança, bem como o Xirê alusivo ao orixá Bará, feira afro, roda de capoeira e roda de conversa.

Na Casa da rua General Vitorino, foi realizado um seminário muito interessante sobre intolerância religiosa e palestra que falou sobre a chegada dos escravos na cidade e a influência deles para a criação, posteriormente, do nosso Mercado.

A programação foi encerrada com Xirê em homenagem a Xangô, que foi uma belíssima festa na noite de 31 de outubro.

Parabéns à Mãe Ducha, de quem virei admirador, e a seus filhos de religião pela Semana, que recebeu um grande público e merece fazer parte do calendário cultural e religioso da cidade.

 

Feriado

O feriado de 20 de novembro, por sinal, teve um aspecto negativo, pois não foi respeitado por alguns comerciantes. Na quarta-feira eu tive de ir à Pelotas e me surpreendi com o expressivo número de lojas abertas no Calçadão. Diria que uns 30% delas estavam abertas, inclusive algumas filiais de grandes redes de lojas. Quando retornei, no meio da tarde, andei pelo nosso Calçadão e aqui vi bem menos lojas abertas do que lá, o que considero positivo, pois era um dia de movimento muito fraco, tanto aqui como na Princesa do Sul, e não havia necessidade de abrirem.

Por que não proporcionar um feriado também para os funcionários, que poderiam estar com suas famílias? É grande o número de pais separados e eles também precisam conviver com seus filhos, o que é fundamental para a criação e crescimento deles. Ou uns merecem ter família estruturada, com os filhos na volta, e outros não?    

 

Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com



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