O longa metragem Ainda Estou Aqui (2024), protagonizado pela atriz Fernanda Torres e dirigido por Walter Salles, tem feito com que a nossa nova e fragil democracia seja colocada em voga, em debate e em reflexão. 

O filme, também protagonizado pelo ator Selton Mello é uma obra homônima de Marcelo Rubens Paiva, que além de escritor é filho da família retratada na película e no romance.

Ainda Estou Aqui não é somente o filme sobre uma família brasileira que busca justiça, mas é um fragmento das inúmeras violências que o Regime Militar realizou durante os mais de 20 anos que esteve no poder.

Como Historiador e Professor , acredito que a Arte e a Cultura possuem várias funções imprescindíveis, mas uma delas  é lembrar a sociedade daquilo que ela quer e insiste em esquecer, como afirmava Peter Burke.

O clima de Copa do Mundo que se instaurou entre os brasileiros em meio ao Carnaval, não era somente por Salles ou Torres, mas também pela início de entendimento que nossa democracia é frágil, e que precisamos estar atentos. Sabemos que a História pode se repetir como farsa, mas também como tragédia. 

Para além do Oscar de melhor filme estrangeiro e o Globo de Ouro, queríamos como torcedores exigentes, que Fernanda Torres ganhasse a estatueta como melhor atriz.

Ainda Estou Aqui não é uma "ilha" , é mais um  grande filme do cinema  brasileiro como Central do Brasil, Carandiru, Cidade de Deus, Que Horas ela Volta? ou Aquarius e que ajudam a contar a História do Brasil, a nossa História e denunciar nossas problemas mais viscerais e íntimos enquanto povo.

O filme Ainda Estou Aqui tem um saldo positivo: ao mirarmos na estatueta do Oscar para Fernanda Torres , podemos estar um atingindo em cheio um fragmento que seja da  Mentalidade Coletiva brasileira. E isso não vale?

O que vale mais, a Consciência ou o Ouro?