Ique de la Rocha
Ainda há dvuidas sobre o Polo Naval?
Assinatura do contrato com a presença de Lula desfez a desconfiança?
Nossa coluna, que em fevereiro abordou a postura de alguns rio-grandinos, mais parecendo estarem na “secação” do Polo Naval, repercutiu bastante. Grande parte dos comentários apoiando o Polo Naval e outra parte, ainda expressiva, insistindo que a reativação da indústria naval é politicagem e que não vai acontecer nada. Uma nota de desconfiança com as encomendas conquistadas pela Ecovix, em parceria com o estaleiro Mac Laren, de Niterói, publicada no jornal Zero Hora, ajudou nessa campanha de desinformação.
Não demorou e a melhor resposta possível aos incrédulos foi a presença do presidente Lula na cidade para a assinatura do contrato entre os estaleiros e a Transpetro. Claro que agora leva um tempo para iniciar as operações, previstas para acontecerem a partir de agosto, mas as coisas estão acontecendo, queiram alguns ou não.
Equivalente a uma montadora de automóveis
O Polo Naval não vai ser mais naquela grandeza que se ventilou durante os governos Lula e Dilma. Mas os estaleiros são um segmento em alta no mundo e as possibilidades são muitas, não apenas na construção de plataformas de petróleo e navios, como no descomissionamento (desmanche) dessas embarcações. Que gerem de imediato “apenas” mil empregos. Qual cidade que não gostaria de receber um empreendimento desse porte? Um estaleiro equivale a uma montadora de automóveis, atrai grande número de empresas sistemistas. É tudo o que Rio Grande precisa neste momento.
Cursos profissionalizantes
Bom observar que neste reinício das atividades não tem como aproveitarem a totalidade da mão de obra de Rio Grande e São José do Norte. Algumas empresas terceirizadas, que vem prestar serviço no estaleiro, trazem alguns funcionários de confiança e não tem como evitar isso. Mas o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Benito Gonçalves, está se movimentando com toda a sua diretoria e um dos pleitos que ele apresentou ao Governo Federal e à Transpetro, quando da assinatura do contrato, foi a volta dos cursos profissionalizantes do Prominp, ministrados através do Senai.
Não podemos cruzar os braços
Não costumo ler comentários de internet, mas li alguns que se referiram ao meu artigo (“Rio-Grandinos contra Rio Grande”). Teve gente dizendo que, por serem contratos com três anos de duração, de nada adiantarão porque, no entendimento deles, depois pára tudo.
A tendência é que venham outros contratos na sequência, até porque nosso dique-seco é o maior da América Latina, em condições de construir três embarcações simultaneamente. Mas, mesmo que fosse uma atividade por apenas três anos, seria um momento proveitoso para a cidade devido ao porte do empreendimento.
Se uma empresa oferece um salário de R$ 100 mil mensais a uma pessoa que não ganha 10% disso, para um emprego de três anos, ela não deveria aceitar por ser um tempo limitado? Penso que seria mais inteligente aceitar a proposta e fazer um “pé de meia” nesse período para poder investir noutra atividade posteriormente.
Rio Grande precisa saber tirar proveito do Polo Naval, fomentar o empreendedorismo na cidade, atrair novos empreendimentos e usar bem a injeção de recursos (impostos) que a atividade proporcionará à cidade.
O que não pode é só reclamar e cruzar os braços esperando que alguém de fora faça tudo por nós, até mesmo o que nos caberia fazer.
Grandes projetos vieram de fora
Os leitores já se deram conta que Rio Grande teve, no início do século passado, até os anos de 1960, pessoas com espírito empreendedor e que defendiam os interesses da cidade? Tanto que nos anos de 1970 chegamos a ter o maior polo pesqueiro do Brasil.
Mesmo assim, os grandes projetos na cidade vieram de fora, como em 1918, com o americano Frigorífico Swift ou, em 1937, com a implantação da Refinaria Ipiranga, que revolucionou a cidade com empregos e salários bons e contribuindo em vários setores da comunidade. Seus fundadores vieram de Uruguaiana. Na década de 70 a criação do Superporto foi iniciativa do Governo Federal, o mesmo acontecendo com o Polo Naval, em 2013.
Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com
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