Já escrevi mais de uma vez que Rio Grande não tem como concorrer com os grandes polos turísticos do país e que o Cassino está longe de ser uma praia paradisíaca. Mas temos atrativos de grande potencial, como os Molhes da Barra, e nosso balneário não deixa de ser interessante, como o primeiro organizado do Brasil, surgido antes mesmo de Copacabana, no Rio de Janeiro. Lamentavelmente, o rio-grandino parece que não gosta de preservar sua história e vemos as belas moradias do passado desaparecendo da avenida Rio Grande, sem que os defensores do patrimônio histórico se manifestem.  Pode ser que depois que tudo tiver desaparecido, ou em ruínas, apareçam propostas para pedir o tombamento daquela artéria. 

Além do Cassino, nossa cidade é a primeira do Rio Grande do Sul e isso já é motivo para atrairmos visitantes. Fomos, no passado, conhecidos como a Cidade das Chaminés, devido às indústrias, e Cidade dos Monumentos. Por sinal, o monumento-túmulo de Bento Gonçalves e o monumento a Silva Paes, são tão imponentes que poucas cidades dão-se ao luxo de ostentarem obras de arte desse gabarito.

Ainda temos a travessia para São José do Norte (infelizmente não temos mais lanchas panorâmicas como há poucos anos), as ilhas, museus (quando abrem), templos religiosos, a Estação Ecológica do Taim, a praia da Capilha e estamos próximos do Chuí, porta de entrada dos turistas do Uruguai e da Argentina.

Falta divulgar o Município

Não sou sonhador, ao ponto de achar que para cá virão turistas do mundo inteiro ou do Brasil todo. Estamos muito longe disso, mas temos como atrair, no mínimo, o público da Metade Sul do Estado, alguns de Porto Alegre e outras regiões do RS, bem como os vizinhos do Prata, mesmo que de passagem para Santa Catarina ou no retorno deles do estado vizinho aos seus ´países de origem.

Já comentei neste espaço que, no período da Festa de Iemanjá e Procissão Marítima de Navegantes, 1º e 2 de fevereiro, em todos os anos são feitas reservas nos hotéis locais por turistas de Santa Catarina, que para cá vem há mais de uma década, em cinco ou seis ônibus de excursão. E isso sem que Rio Grande faça algum tipo de propaganda. Imaginem se tivéssemos um setor de turismo atuante para divulgar esses eventos.

Carnaval no Cassino “bombou”

Este comentário foi motivado devido ao último carnaval no Cassino ter sido novamente um grande sucesso. Nunca se viu tanta gente de fora no balneário, vindo especialmente para a festa popular, inclusive realizada após a temporada de veraneio. Foliões de toda a Zona Sul e Fronteira, uruguaios e argentinos aqui estavam em número bastante expressivo. Carnavais próximos, como os de Jaguarão e São Lourenço do Sul, que sempre tiveram bom conceito, certamente ficaram para trás na comparação com o nosso. 

Comerciantes do Cassino deram entrevistas satisfeitos com as vendas. Provavelmente hotéis, pousadas, restaurantes também lucraram. 

Temos o produto. Precisamos vendê-lo

Infelizmente, Rio Grande tem sido vítima da falta de visão nossa. Faz anos, mais de uma década, que temos uma secretaria voltada para o turismo (com algumas mudanças em sua nomenclatura durante os anos), cujo desempenho não satisfaz. Ao menos é essa a impressão que temos, mas estamos à disposição para qualquer esclarecimento ou se quiserem apresentar um relatório sobre as atividades para desenvolvimento do setor. Nem sabemos se conta com alguém especializado na área. Se não tem é urgente que se contrate e que esses profissionais realmente possam corresponder à expectativa.

A prefeita Darlene Pereira recém assumiu. Não teria tempo hábil para promover o Cassino e o Município em pouco mais de um mês da sua posse, mas está mais do que na hora do rio-grandino recuperar a sua auto-estima. Para isso, precisa que o Poder Público torne a cidade mais bonita, mais alegre e que desenvolva esse setor. 

O turismo gera emprego e renda para as pessoas. Movimenta toda a economia. No passado, na temporada de veraneio do Cassino, os comerciantes tinham um faturamento que lhes garantia a sobrevivência por vários meses. Hoje isso está mais difícil, mas o balneário tem potencial para receber, no mínimo, cinco vezes mais visitantes do que recebe hoje. 

Nossa praia é a mais segura e a de melhor balneabilidade do litoral gaúcho. O carnaval do Cassino está se encaminhando para ser o melhor do Rio Grande do Sul, se já não é. Em espetáculo, o fora de época em Uruguaiana pode nos superar, mas jamais em participação popular.

Aliás, o carnaval de Uruguaiana foi uma ideia muito inteligente da secretaria de turismo de lá, que buscou um diferencial e teve competência na organização e divulgação.

O carnaval do Cassino já está consolidado, sem depender do Poder Público. Também estão consolidadas a Festa de Iemanjá, a Procissão de Navegantes (iniciativa é de São José do Norte) e outros atrativos já citados mais acima. 

Temos o produto. Consta que também temos o empresariado interessado. Mas nada acontecerá se a Prefeitura e a respectiva Secretaria de Turismo não se movimentar. É uma esperança que temos com o novo governo municipal..

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