A Educação e as relações consumeristas
Por Nery Porto Fabres
Acho que endoidei de vez, talvez a idade avançada me deixou senil. Percebo essa maluques quando vejo o entendimento das pessoas sobre as nossas pretensões na hora de fazermos alguma compra. Sou filho de armazém, trabalhei desde os 12 anos atrás de um balcão, atendendo um universo de personalidades, gente de todas as idades e cores.
Os armazéns eram os protótipos dos atuais mercados. Se vendia desde alfafa para animais do campo à panelas de alumínio para as cozinhas que atendiam todo o tipo de público.
Os balconistas da época dos armazéns, aos vendedores lojistas de hoje em dia, há uma distância bárbara. Há, claramente, um rompimento nas relações comerciais. Aquelas que o CDC (Código de Defesa do Consumidor) chama de relações consumeristas.
Antes se sabia a importância do dinheiro do consumidor, da necessidade de ele retornar ao armazém trazendo a certeza de que o estabelecimento iria lhe satisfazer.
Hoje está claro que o vendedor quer um emprego, para satisfazer a si próprio. E isso nada tem a ver em satisfazer o cliente da loja ou o lojista. O cliente, nestes tempos loucos, que se dane.
Assim é a compreensão destes jovens que buscam emprego no comércio. Lá, naquele passado distante, estava pregado na porta do estabelecimento, um cartaz dizendo que o cliente sempre tinha razão.
No entanto, nessa zona que se tornou a relação consumerista atual, as frases mudaram para “o cliente que não concorda com a minha política de vendas, não me interessa”. Isso mesmo! O mundo pirou de vez!
Ou, claro, sou eu que por ventura, possa estar doidão. Mas, vamos supor que eu não esteja pancada. Que esteja em meu estado consciente, embora velho e enrugado, igual pescoço de tartaruga. Sendo assim, se estou lúcido, qual o motivo de os lojistas não investirem em escolas técnicas de preparação de vendedores.
Ora, quem frequenta os grandes shoppings fica impressionado com a simpatia e capacidade cognitiva dos atendentes de lá. Vendedores de mão cheia. Olha só, taí a grande sacada. O problema é a falta do poder cognitivo. Então, se falta poder cognitivo e os jovens estão apresentando currículos certificando que possuem ensino médio, bem provável que a Educação está um lixo. Porque esse poder de entender dos signos da comunicação social se aprende na escola, desde o ensino fundamental ao médio.
E, se a Educação está um lixo, o problema não é a relação consumerista, e sim a falta de capacitação profissional dos jovens desta geração abandonada pelos governantes.
Portanto, se a Educação não melhorar, as próximas gerações serão um desastre.
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