Em julho, o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, anunciou a retomada da construção de embarcações para a Petrobras, conforme o TP 25, que é o programa de renovação e ampliação da frota da estatal. Ele salientou, na ocasião, que a iniciativa pode gerar novas oportunidades para a indústria naval brasileira. Uma licitação pública internacional foi lançada no dia quatro daquele mês para aquisição de quatro navios da classe Handy e está sendo aguardada com expectativa a publicação dos próximos editais, a partir deste segundo semestre do ano, para a construção de navios de cabotagem, entre gaseiros e embarcações de médio porte.  

A expectativa também é grande no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte (STIMMMERG) com a possibilidade dos estaleiros da região serrem contemplados com novas encomendas. A Ecovix, proprietária do Estaleiro Rio Grande, desde 2016, está em recuperação judicial e, daquele ano até os dias de hoje, a empresa só realizou pequenos reparos. Já o EBR, em São José do Norte, dentro de dois meses estará entregando sua última encomenda e já iniciou, inclusive, a demissão de boa parte dos mais de 2.500 trabalhadores.

Esperança de empregos

O tesoureiro do STIMMMERG, Sadi Machado, observa que a indústria naval é a esperança na geração de empregos e lembra as palavras do presidente da Transpetro: “O processo licitatório é robusto e conta com mecanismos que garantirão condições muito competitivas aos proponentes e, principalmente, o melhor preço”. Machado chama atenção para a necessidade da Ecovix ser mais competitiva nas licitações:

"Constantemente a Ecovix participa de pregões e sempre o preço dela é o mais caro e não admite, por hipótese alguma, reduzir o valor. Esse tipo de atitude nos leva a acreditar como verdadeira a declaração atribuída a um dirigente do estaleiro, em conversa com um político, de que não baixariam o preço porque eles tem muita despesa. Fica parecendo que a empresa não tem interesse em ficar no município, o que não acreditamos, até porque se não tiver serviço, como a Ecovix pretende levantar a recuperação judicial? E a competitividade faz parte do mundo dos negócios”, comentou.

Demissões no EBR são diárias

O ´STIMMMERG também informa que as demissões no estaleiro EBR, em São José do Norte, estão acontecendo praticamente todos os dias. O sindicato faz a homologação das rescisões apenas de trabalhadores com mais de seis meses de trabalho e, em média, são feitas 15 homologações por semana. Portanto, não tem como saber o número dos demais trabalhadores demitidos, com menos tempo no emprego, mas com eles as demissões também estão ocorrendo..

Sadi Machado informa que o EBR tinha cerca de 2.500 trabalhadores e, à medida que o tempo de entrega da plataforma foi se aproximando do final, as demissões foram acontecendo. “Pelo que estamos vendo, daqui a dois meses a desmobilização vai ser total e só deverá ficar um pequeno grupo de trabalhadores para realizar a manutenção do estaleiro”, observa o dirigente sindical.