Nesta quinta-feira, 7, o então prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PL), renunciou ao cargo faltando cerca de 54 dias para o término do mandato. O pedido de renúncia foi formalmente lido durante sessão na Câmara de Vereadores de Bagé. 

Em nota oficial divulgada pela sua assessoria, Divaldo Lara afirma que está renunciando à cadeira do Executivo em razão de problemas de saúde. 

“A decisão de renunciar ao cargo de Prefeito Municipal de Bagé não foi e jamais seria fácil, porém tornou-se inevitável diante dos problemas de saúde - físicos, emocionais - os quais têm afetado tanto a mim quanto a minha família. Enfrento batalhas e perseguições pessoais que somente são imagináveis para quem vive”, afirma um trecho da nota.

A renúncia ocorre em meio a uma investigação da Polícia Federal, que no mês de agosto, cumpriu 34 mandados de busca e apreensão no âmbito de uma operação contra a prática de "rachadinha", incluindo a residência de Divaldo Lara. O político é um dos  alvos da operação, acusado de liderar um esquema que teria desviado mais de R$10 milhões desde 2017.

Segundo a PF, o valor desviado teria sido utilizado em campanhas eleitorais, sem ser declarado à Justiça Eleitoral. Além do prefeito, sua esposa, Priscila Fischer Lara, policial civil, também é investigada por supostamente ter acesso a informações privilegiadas que beneficiaram o esquema. 

Trajetória política

Natural de Bagé, Divaldo Lara tem 45 anos e iniciou sua carreira política como vereador, cargo que ocupou entre 2009 e 2016. Sua trajetória como chefe do Executivo iniciou no ano de 2016, sendo reeleito em 2020. 

Confira a nota na íntegra:

"Com o coração apertado me dirijo a vocês para comunicar a decisão de deixar o cargo de Prefeito o qual ocupei por dois mandatos consecutivos e, no primeiro, galguei a maior votação - jamais vista em uma eleição para o cargo de chefe do Poder Executivo, na cidade de Bagé - com mais de 75% dos votos válidos. Isso não é motivo para soberba ou vaidade, pelo contrário, é motivo de muito orgulho e gratidão.

A decisão de renunciar ao cargo de Prefeito Municipal de Bagé não foi e jamais seria fácil, porém tornou-se inevitável diante dos problemas de saúde - físicos, emocionais - os quais têm afetado tanto a mim quanto a minha família. Enfrento batalhas e perseguições pessoais que somente são imagináveis para quem vive. Nesses oito anos senti a dor da perda de quatro entes queridos: minha mãe e irmãs que perderam a vida para a severidade do câncer, bem como, um sobrinho, de forma cruel. Tive minha vida pessoal exposta e meu lar violado de forma abusiva e inconsequente, o que causou abalos e traumas às pessoas mais caras e preciosas da minha vida: minha família. Impossível estimar o tempo que necessitarão para se recuperarem e até mesmo se irão, pois as sequelas talvez nunca fechem totalmente.

Deixo o mandato com a convicção de que nossa Bagé seguirá firme e amparada por pessoas competentes, as quais possuem plenas condições de concluir nossa gestão. Agradeço imensamente ao meu Vice-Prefeito, irmão de caminhada, Mário Mena Kalil, ao Secretariado, técnicos, servidores da administração e toda a equipe de governo. Aos vereadores, e, especialmente, ao povo de Bagé, minha maior inspiração. Peço que entendam e respeitem minha difícil decisão, tomada com base no amor por minha família. Que Deus abençoe a todos! Desejo que Bagé continue prosperando e como um exemplo de força, garra e determinação.

Finalizo com um ensinamento e frase da minha mãe Suzana, que ao iniciar todos os meus desafios me dizia: “Começa com Paz termina com PAZ”.