GAECO/MPRS desarticula esquema comandado por facção de dentro do presídio de Pelotas para vender drogas e oferecer empréstimos a juros abusivos
Cerca de 700 agentes cumprem mais de 170 mandados judiciais, incluindo 19 prisões e remoção de apenados, contra organização criminosa que movimentou mais de R$ 32 milhões.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) desarticulou, nesta sexta-feira, 22 de novembro, um esquema liderado por uma facção criminosa operando a partir do Presídio Regional de Pelotas (PRP).
As ações ocorreram em 13 cidades dos três estados do Sul do Brasil e miraram práticas como tráfico de drogas, entrada de celulares no presídio, agiotagem com juros abusivos e lavagem de dinheiro. Mais de 700 agentes participaram, cumprindo 170 mandados judiciais, incluindo 19 prisões e remoções de presos, em uma operação que desvendou movimentações financeiras superiores a R$ 32 milhões.
Com apoio dos GAECOs de Santa Catarina e Paraná, além da Brigada Militar, SUSEPE, Receita Estadual, SEAPI, Vigilância Sanitária e FICCO, foram deflagradas as operações Caixa-Forte II e El Patron. Enquanto a primeira focou no tráfico de drogas e na entrada de materiais ilícitos no PRP, a segunda investigou um esquema de agiotagem com juros de até 280% e cobranças realizadas de maneira violenta. Ao todo, mais de 100 pessoas, incluindo 27 detentos e 10 empresas, estão sob investigação.
A subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Isabel Guarise Barrios, destacou o esforço conjunto das instituições: “Essa operação é fruto de uma investigação detalhada e contínua, que resultará na responsabilização penal de diversos criminosos atuando dentro e fora dos presídios.” Já o promotor André Dal Molin, coordenador do GAECO, ressaltou o foco em desmontar o financiamento das facções: “Trabalhamos para desarticular as finanças do crime organizado, buscando recuperar valores obtidos ilegalmente.”
Operação Caixa-Forte II
A operação revelou um núcleo operacional dentro do PRP, responsável pela entrada de celulares, tráfico de drogas e gestão financeira da facção. A análise de documentos apreendidos em ações anteriores, como livros-caixa, revelou uma movimentação de R$ 2,6 milhões no périodo de 10 meses. Um policial penal, que já foi preso, facilitava as operações. Além disso, oito líderes do grupo foram removidos do PRP, e ações complementares ocorreram na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) e no Presídio Regional de Bagé.
Operação El Patron
Focada na agiotagem e lavagem de dinheiro, a operação desvendou um sistema de microcrédito com altos juros, gerenciado por meio de um aplicativo e anunciado nas redes sociais. A organização utilizava laranjas para dar aparência de legalidade, mas cobrava juros abusivos e recorria a métodos violentos para pressionar devedores. A facção também lavava dinheiro investindo em imóveis e empresas, incluindo açougues, frigoríficos e imobiliárias no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mais de 1.300 contas bancárias em nome de terceiros foram bloqueadas, e veículos e imóveis foram apreendidos.
Números das Operações
As ações mobilizaram 700 agentes, que cumpriram 19 mandados de prisão preventiva, 156 de busca e apreensão, e bloquearam 1.300 contas bancárias. Foram identificados crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva, agiotagem e lavagem de dinheiro.
No Rio Grande do Sul, foram cumpridos 152 mandados de busca e 18 prisões; em Santa Catarina, dois mandados de busca; e no Paraná, dois mandados de busca e a prisão do líder da facção gaúcha.
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