“Dentro da casa prisional, a organização comandava um complexo esquema criminoso na cidade de Pelotas” afirma o coordenador do Gaeco, promotor André Dal Molin
Cerca de 700 agentes cumpriram mais de 170 mandados judiciais, incluindo 19 prisões e remoção de apenados, contra organização criminosa que movimentou mais de R$32 milhões em Pelotas.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS), em parceria com as forças de segurança, deflagrou, nesta sexta-feira, 22, uma mega operação contra o crime organizado atuante no Presídio Regional de Pelotas (PRP). Subdividida nas operações Caixa-Forte II e El Patron, cerca de 700 agentes estiveram envolvidos na operação, que teve as investigações iniciadas em dezembro de 2023.
Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, 22, o coordenador do Gaeco, promotor de Justiça André Dal Molin, divulgou os resultados parciais das operações e explicou de que forma o grupo criminoso operava. “A organização criminosa tinha uma estrutura muito bem definida dentro da casa prisional, com divisão de tarefas, como gerência, logística, tráfico e gestão financeira”, explicou.
Documentos apreendidos na primeira fase da operação, em dezembro de 2023, incluíam livros-caixa que detalhavam a movimentação de R$ 2,6 milhões em apenas 10 meses. O esquema envolvia tráfico de drogas, venda de celulares e rádios, além de uma complexa rede de lavagem de dinheiro e agiotagem.
Nesta manhã, as ações mobilizaram 700 agentes, que cumpriram 19 mandados de prisão preventiva, 156 de busca e apreensão, e bloquearam 1.300 contas bancárias. Foram identificados crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva, agiotagem e lavagem de dinheiro.
No Rio Grande do Sul, foram cumpridos 152 mandados de busca e 18 prisões; em Santa Catarina, dois mandados de busca; e no Paraná, dois mandados de busca e a prisão do líder da facção gaúcha.
“Em virtude da extensão que o núcleo financeiro tomou, nós tivemos que subdividir a operação, porque na operação El PAtron a gente começou a verificar que esse dinheiro não ficava apenas para aumentar o ciclo da drogas, mas sim avançaram e aí, por tanto, começaram uma lavagem de dinheiro de uma outra forma. Eles começaram a trabalhar com agiotagem, começaram a verificar que há uma demanda de microcrédito. Um dos investigados se denominou de El Patron, a partir do dinheiro do tráfico, eles criaram uma agência de microcrédito dentro do regime prisional de Pelotas e começaram a emprestar o dinheiro para as pessoas com a forma de cobrança que o crime organizado utiliza”, afirmou o promotor.
Operação Caixa-Forte II
A operação revelou um núcleo operacional dentro do PRP, responsável pela entrada de celulares, tráfico de drogas e gestão financeira da facção. A análise de documentos apreendidos em ações anteriores, como livros-caixa, revelou uma movimentação de R$ 2,6 milhões no périodo de 10 meses. Um policial penal, que já foi preso, facilitava as operações. Além disso, oito líderes do grupo foram removidos do PRP, e ações complementares ocorreram na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) e no Presídio Regional de Bagé.
Operação El Patron
Focada na agiotagem e lavagem de dinheiro, a operação desvendou um sistema de microcrédito com altos juros, gerenciado por meio de um aplicativo e anunciado nas redes sociais. A organização utilizava laranjas para dar aparência de legalidade, mas cobrava juros abusivos e recorria a métodos violentos para pressionar devedores. A facção também lavava dinheiro investindo em imóveis e empresas, incluindo açougues, frigoríficos e imobiliárias no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mais de 1.300 contas bancárias em nome de terceiros foram bloqueadas, e veículos e imóveis foram apreendidos.
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