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Na tarde desta quarta-feira, 27, o programa Café com Z, em O Litorâneo, recebeu o cineasta, Jorge Furtado, e a atriz Gabriela Côrrea para falar sobre o filme Virgínia e Adelaide, exibido durante a 6ª Mostra de Cinema Latino-Americano da cidade do Rio Grande na última terça-feira, 26.

Virginia e Adelaide narra o encontro de duas mulheres: Virginia (Gabriela Côrrea) uma mulher negra, a primeira psicanalista brasileira, e Adelaide (Sophie Charlotte), uma psicanalista judia que veio para o Brasil para fugir do regime nazista da Alemanha. As histórias se entrelaçam e se fortalecem: juntas elas lutaram contra o racismo e o preconceito e ajudaram a fundar a psicanálise no Brasil.

Durante o programa, Gabriela, que reside em Brasília, comentou sobre sua experiência ao visitar a cidade do Rio Grande pela primeira vez. “O cinema leva a gente para lugares que a gente não imagina, né? Antes de vir para cá, eu estava muito animada com a sensação de ir para um lugar novo, de ver pessoas e conhecer algo completamente diferente do que estou habituada. É outro clima, outra história, mas me senti muito acolhida. Estou muito feliz”, disse a atriz.

Já o diretor Jorge Furtado destacou o sentimento de assistir novamente ao filme junto ao público rio-grandino. “Eu adoro o contato com o público, adoro ver as reações. Sempre que vejo um filme com as pessoas, eu sinto que cada sessão é uma experiência nova: os silêncios são diferentes, as risadas também. Você vai aprendendo sobre o filme vendo-o com o público. Eu tenho um grande amigo aqui do Rio Grande, que sempre falava sobre a biblioteca, a vida cultural da cidade. Eu tinha curiosidade de conhecer, mas nunca tive oportunidade. Quando surgiu o festival, pensei: temos um filme, vamos lá. A sessão foi muito legal, apesar dos imprevistos. Começou a chover e achei que teríamos de parar, mas depois o céu ficou estrelado, e a praça lotada, com o público muito conectado ao filme, foi emocionante”, relatou.

Durante a conversa, os convidados abordaram os desafios do audiovisual no Brasil e a produção do longa, que é baseado em uma história real. “Virgínia e Adelaide conta o encontro entre duas mulheres incríveis: Virgínia Bicudo e Adelaide Koch. Virgínia foi a primeira psicanalista do Brasil e procurou Adelaide, uma psicanalista alemã que fugiu do nazismo em 1936 e veio para São Paulo, para iniciar sua análise. Juntas, elas fundaram a psicanálise no Brasil e mantiveram uma relação de paciente e médica por muito tempo, além de uma amizade para a vida inteira”, explicou Jorge.

 “Muita gente não conhece Virgínia. Ela é reconhecida na sociologia e na psicanálise, mas ainda é pouco familiar fora desses nichos. Ao mergulhar na história dela para o filme, fiquei impressionada com o pensamento de vanguarda que tinha. Ela começou a refletir sobre os impactos do racismo na psique humana em uma época em que isso não era discutido. É surpreendente como sua obra ainda é atual, abordando temas como interseccionalidade e identidade.”

Jorge Furtado também refletiu sobre o cenário da produção audiovisual no país. “Há muito otimismo, porque temos muitos filmes e pessoas interessadas em cinema, mas falta espaço para exibição e maior investimento em formação de profissionais. É preciso repensar os recursos, priorizando escolas, bolsas de estudo e mais acesso para o público. O cinema ainda é caro e inacessível para muitos, mas há muito potencial no Brasil para criar e fortalecer essa indústria”, avaliou.

Nesta quarta-feira, 27, às 17h, Jorge Furtado e Gabriela Côrrea participarão de uma roda de conversa na Alfândega, como parte da programação da 6ª Mostra de Cinema Latino-Americano.

Confira a entrevista na íntegra: