PF reprime contrabando de produtos agrotóxicos na fronteira com o Uruguai
Operação Macan, deflagrada em Bagé, visa desarticular grupo que lucrou mais de R$ 9 milhões com o esquema
A Polícia Federal, com o apoio da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas – DRACO/Bagé, deflagrou nesta sexta-feira, 13, a Operação Macan, que tem como alvo uma organização criminosa especializada na importação ilegal de agrotóxicos provenientes do Uruguai.
A operação mobilizou cerca de 45 policiais federais e 12 policiais civis, que cumpriram 16 mandados de busca e apreensão domiciliar, 10 mandados de busca pessoal e 10 mandados de busca e apreensão de veículos em Santa Maria, São Sepé, Restinga Seca, Aceguá e Porto Belo/SC.
Além disso, foi ordenado o sequestro de 11 imóveis e 20 veículos, o bloqueio de aproximadamente R$ 9 milhões em contas dos investigados e a decretação de duas prisões preventivas contra os líderes da organização criminosa.
A investigação teve início em 2021, após a prisão em flagrante de um indivíduo em Bagé/RS, que transportava uma grande quantidade de agrotóxicos ilegais vindos do Uruguai. No decorrer das apurações, foi identificada uma organização criminosa transnacional responsável pela entrada clandestina de agrotóxicos estrangeiros no Brasil. Desde 2016, estima-se que cerca de 250 toneladas desses produtos tenham sido introduzidas ilegalmente no país, gerando lucros milionários por meio da venda e distribuição para dezenas de produtores rurais na região central do estado.
Os lucros eram destinados à aquisição de veículos de alto valor e à construção de imóveis, utilizando uma loja e uma construtora como instrumentos para lavar o dinheiro obtido ilegalmente. Foi também constatada a existência de "laranjas" que movimentavam grandes quantias de recursos ilícitos, ocultando bens em nome do grupo criminoso.
A utilização de agrotóxicos estrangeiros proibidos ou não autorizados no Brasil, considerada crime, pode causar sérios prejuízos à saúde e ao meio ambiente. A falta de registro desses produtos impede a certificação de sua composição e toxicidade, além de dificultar a fiscalização e o controle por parte dos órgãos competentes.
Os envolvidos serão indiciados pelos crimes de importação e comercialização de agrotóxicos não registrados ou não autorizados, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Somadas, as penas podem alcançar até 27 anos de prisão.
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