Circum-navegação Antártica completa 30 dias de expedição
A missão, que reúne 57 pesquisadores de e percorre a costa do continente gelado
Após 30 dias a bordo do navio quebra-gelo Akademik Tryoshnikov, a Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica (ICCE), liderada pelo glaciologista brasileiro Jefferson Cardia Simões, alcança marcos significativos nas pesquisas científicas. A missão, que reúne 57 pesquisadores de sete países, partiu do porto de Rio Grande na madrugada do dia 23 de novembro e percorre a costa do continente gelado, com foco em estudos de oceanografia, climatologia, pedologia, sedimentologia e microbiologia marinha.
Glaciologista - Jefferson Cardia Simões
Entre os destaques, 13 balões atmosféricos equipados com radiossondas têm coletado dados sobre pressão, temperatura, vento e composição da atmosfera. Essas informações são essenciais para compreender a formação de frentes frias e ciclones extratropicais que impactam diretamente o sul do Brasil. Além disso, a equipe já iniciou a análise de amostras de água do mar e da chuva para investigar processos de circulação oceânica e mudanças climáticas.
Durante o trajeto, a expedição tem enfrentado desafios causados pela extensão anômala do mar congelado, influenciada pelo fenômeno El Niño. Essa condição limita as observações da fauna marinha, como baleias e focas, mas a expectativa é de avanços significativos ao alcançar o Mar de Ross, onde está localizada a maior geleira do mundo, com mais de 400 quilômetros de extensão.
Mar congelado
Uma parada estratégica foi realizada próximo às estações russas (Novolazarevskaya) e indianas (Maitri), onde estudos iniciais em solos e lagos congelados já começaram a fornecer dados sobre ecossistemas únicos e suas interações com o clima. Segundo o professor Jefferson Simões, a retração de geleiras já pode ser observada em algumas regiões, mas os sinais de mudanças climáticas são mais intensos na Península Antártica, próxima à Estação Antártica Comandante Ferraz, que será visitada em etapas futuras da missão.
Simões, um dos maiores especialistas em glaciologia do mundo, destacou a importância da cooperação internacional na expedição. "Estamos avançando significativamente na coleta de dados e enfrentando condições desafiadoras, como longos períodos no mar e logística complexa. Nosso foco está na ciência, e a equipe segue motivada para explorar a grandeza da Antártica, como o enorme paredão de gelo que encontraremos em breve", afirmou.
A bordo do navio de bandeira russa, os cientistas compartilham laboratórios e coordenam atividades multidisciplinares, promovendo a colaboração entre institutos de pesquisa polar de países como Rússia, China, Índia, Argentina, Chile e Peru, além de fortalecer o papel do Brasil na ciência polar internacional. A expedição conta com tecnologia avançada de comunicação via sistema de internet por satélite Starlink, que oferece conexão em tempo real durante todo o percurso. O sistema possibilita entrevistas ao vivo, divulga os avanços científicos e conecta a missão às audiências em terra.
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