“A gente precisa organizar dentro, organizar a casa e estruturar a casa para poder dar conta”, comenta a prefeita Darlene Pereira durante entrevista ao programa Café com Z
Durante a entrevista, a chefe do Executivo rio-grandino avaliou seus primeiros trinta dias de governo, a reestruturação proposta para a administração pública e os próximos projetos a serem desenvolvidos.

Na noite de terça-feira, 4, o programa Café com Z, em O Litorâneo, recebeu a prefeita da cidade do Rio Grande, Darlene Pereira, para o primeiro programa do ano de 2025. Durante a entrevista, a chefe do Executivo rio-grandino avaliou seus primeiros trinta dias de governo, a reestruturação proposta para a administração pública e os próximos projetos a serem desenvolvidos.
Na ocasião, a prefeita falou sobre o primeiro mês à frente do Executivo: “A gente fez um grande esforço durante o período de transição, buscando construir um diagnóstico que foi bastante positivo, nos permitindo alguns alertas para evitar problemas futuros. Mas, ao assumir, conseguimos ver muito mais. Então, nesses primeiros 15 dias de gestão, além de resolver problemas, fomos conhecendo novos desafios e buscando soluções. Desde o dia 1º de janeiro, estamos trabalhando intensamente nesse sentido. Encontramos muitas questões que precisam ser resolvidas e ainda estamos lidando com situações difíceis. Nossa maior preocupação, e essa realmente me assustou, foi o risco de não conseguirmos emitir a folha de pagamento. Aqui, agradeço publicamente, André, a toda a equipe de servidores da Secretaria de Administração, que fez um esforço sobre-humano para viabilizar uma folha paralela, garantindo que os pagamentos fossem efetuados. Houve alguns problemas, mas ficamos muito felizes porque foram mínimos, e as pessoas conseguiram receber seus salários.”
Durante a conversa, Darlene também abordou temas como o recolhimento do lixo domiciliar, pauta amplamente discutida pela comunidade rio-grandina desde o final de 2024:
“Ao revisar o contrato do recolhimento do lixo domiciliar, nos deparamos com o problema da coleta alternada, que gerou muitas reclamações. Fomos verificar o motivo e descobrimos que vários setores da cidade, especialmente no interior — como Senandes e Bolaxa —, não estavam contemplados na obrigação de recolhimento. Algumas áreas que estavam com coleta alternada não poderiam continuar assim, pois são comunidades grandes e necessitam desse serviço regularmente. Ajustamos algumas questões com a empresa e estamos revisando o contrato para renovação, até conseguirmos encaminhar o processo de licitação da coleta do lixo.
Algumas regiões, como o centro, já contam com coleta diária, e estamos ampliando esse serviço para outras áreas. No entanto, em determinados locais, a coleta alternada pode ser viável, desde que seja bem organizada e disciplinada. Criamos uma equipe específica para revisar todo o processo de gestão de resíduos sólidos urbanos, abrangendo coleta, separação, reciclagem, transbordo e destino final. Atualmente, o município envia seus resíduos para Candiota, o que gera um alto custo. Com mudanças nessa logística, podemos economizar mais de 30 milhões de reais.”
Reestruturação da administração pública
A prefeita também comentou sobre o projeto de reestruturação administrativa, que inclui a recriação de secretarias: “Desde a transição, já discutimos a criação da Secretaria do Interior, que foi uma promessa de campanha e um compromisso nosso para garantir mais atenção a essa região. Avaliamos problemas das secretarias que estavam aglutinadas, como a Secretaria de Zeladoria, que não conseguiu atender adequadamente à cidade. Quando falo disso, as pessoas entendem, pois veem os buracos nas ruas e o lixo espalhado. Precisamos reestruturar para melhorar o serviço prestado à população.
Para oferecer um trabalho eficiente à comunidade, primeiro precisamos organizar a administração. Por isso, essa reestruturação foi feita logo no início da gestão. Um exemplo é o setor de licitações e contratos, que atualmente está dentro da Secretaria de Administração, a mesma que gerencia TI, folha de pagamento, telefonia, água, luz e todos os contratos do município. Isso sobrecarregou a secretaria, afastou servidores e comprometeu a eficiência dos processos. Assim, a nova Secretaria de Licitações foi criada para garantir um funcionamento mais adequado e proteger a administração de problemas jurídicos.”
Além disso, Darlene destacou o impacto financeiro da reestruturação e sua relação com a Lei de Responsabilidade Fiscal: “Paralelamente à reforma administrativa, adotamos medidas para otimizar receitas e reduzir despesas. Criamos grupos de trabalho para analisar gastos e identificar cortes necessários. Ontem mesmo participei de uma reunião com esse colegiado, que envolve servidores e chefias de diversas secretarias. Com base nesse estudo, estimamos uma economia anual de 60 a 65 milhões de reais.
Outro grupo está focado na melhoria da arrecadação. Pequenas ações podem fazer grande diferença. Um exemplo é a UPA Junção, que hoje está apenas credenciada. Se conseguirmos qualificá-la, garantindo que todos os serviços sejam devidamente registrados, podemos aumentar o repasse do governo federal em cerca de 300 mil reais por mês, o que resultaria em mais de 3 milhões de reais por ano para os cofres municipais.”
Obras da Agência Francesa de Desenvolvimento
Darlene também falou sobre o andamento das obras financiadas pela Agência Francesa de Desenvolvimento, incluindo a Rota do Parque. Segundo a prefeita, a expectativa é que a licitação seja lançada até o final do primeiro semestre: “Estamos na fase final de revisão do projeto Rota do Parque, que conectará a Avenida Socoowski à BR-392 e ao Bairro BGV. Essa é a maior obra prevista no projeto, com infraestrutura, drenagem, pavimentação, ciclovia, calçadas e áreas de lazer. Esperamos lançar a licitação ainda neste semestre. A complexidade desse processo se deve ao fato de ser uma única licitação, que exige uma equipe qualificada e preparada para gerir um contrato desse porte. A Agência Francesa de Desenvolvimento impõe critérios rigorosos, e as licitações devem passar pela análise deles, que verificam se há objeções ao projeto. Além disso, pode ser necessário um consórcio de empresas para executar a obra, dada sua abrangência. Queremos garantir que a comunidade conheça e participe desse processo, pois esse será um marco importante para a infraestrutura da cidade.”
Confira a entrevista na íntegra:
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