Temperaturas altas e seca na Lagoa dos Patos; veja como o fenômeno La Niña está impactando no clima do RS
O Ecólogo, Doutor em Ciências, e Professor de Ecologia, Marcelo Dutra da Silva, explica os efeitos do La Niña no cotidiano da população.
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Após um período marcado por chuvas intensas e enchentes devido ao fenômeno El Niño, o Rio Grande do Sul enfrenta, agora, um novo desafio climático: o fenômeno La Niña. O evento climático, caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, está causando impactos perceptíveis no cotidiano da população.
O efeito já pode ser sentido na Lagoa dos Patos, que apresenta níveis de água mais baixos do que o esperado para esta época do ano, assim como na elevação dos termômetros que, nesta terça-feira, 11, registraram sensação térmica de 39ºC na cidade do Rio Grande.
Segundo o professor e ecólogo da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Marcelo Dutra, o fenômeno já está em curso e deve persistir até abril deste ano. O especialista comenta que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alerta que períodos prolongados sem precipitação podem agravar ainda mais a situação, afetando o abastecimento de água, a pesca e a navegação na região.
“Estamos entrando em uma nova fase de sofrimento no sul do país. Após um período difícil com o fenômeno El Niño, que nos atingiu com muita intensidade no último ano, começamos a sentir o impacto de outro fenômeno climático devastador, dessa vez o La Niña. Algo há muito tempo conhecido por aqui, pois estamos mais acostumados a lidar com os períodos secos do que com cheias e chuvas torrenciais que geram alagamentos. O calor extremo e a estiagem prolongada parecem atingir uma área maior a cada novo ciclo do fenômeno e provavelmente isso tem forte relação com a mudança do padrão climático global. O fato é que vamos viver mais uma rodada de prejuízos, sobretudo, nos campos, com perdas de lavouras e animais, com forte impacto na nossa economia, levando o governo a pedir ajuda para compensar as perdas”, afirmou Marcelo Dutra.
Além dos prejuízos econômicos, o ecólogo comenta que a falta de chuvas expõe uma fragilidade estrutural no manejo dos recursos hídricos. “Precisamos entender que clima é consequência e que não basta concentrar todos os esforços em sistemas de alertas, em infra estruturas faraônicas e desconectadas do planejamento, que mais tem cara de iniciativa política do que técnica. É preciso rever os hábitos, as práticas e as formas de fazer. Se não tivermos mais responsabilidade envolvida nas nossas decisões do dia a dia, não adianta, não será sustentável e não vamos sobreviver”, declara Marcelo Dutra.
Atualmente, 65 municípios do Rio Grande do Sul, sobretudo, na região centro-oeste, decretaram situação de emergência em decorrência da estiagem. Os dados foram divulgados pela Defesa Civil do Estado.
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